Masoquista Emocional.

Lost Soul
O masoquismo emocional ultrapassa os limites do BDSM. Eu diria que é, inclusive, difícil de enquadrá-lo no BDSM visto alguma de suas peculiaridades.

Antes de mais nada, não se pretende aqui definir o assunto, dar-lhe aspecto final, ao contrário, o intuito é abrir para ampla discussão.

Creio que seja fácil saber do que se trata esta postagem: pessoas que apreciam o sofrimento emocional, que buscam em suas relações todos os desdobramentos possíveis da dor emocional.

Um bom começo pra quem pertence a este grupo, é se reconhecer, é se assumir.

Muitos de nós tivemos ou temos a oportunidade de conhecer pessoas que experimentam isto em alguma intensidade, que buscam "conforto" no sofrimento.

É óbvio que cada um tem uma busca, um nível, um limite, acho que muitos de nós em algum momento da vida já passamos por isto, acentuando um sofrimento, uma dor, o difícil é saber qual é o nível de interferência, de manipulação dos fatos pra se obter como resultado o sofrimento esperado. Chega a tal ponto que tudo fica confuso e as coisas extrapolam, sendo muito mais danoso do que se espera.

Afinal de contas, como em toda relação, o masoquista emocional precisa de parceiros pra ter resultados efetivo. É ai que chegamos à encruzilhada, quem topa ser parceiro numa relação assim?

Desenvolvendo deste ponto, surge a minha dúvida se é realmente BDSM, visto que o BDSM pressupõe uma figura dominante numa relação consensual, mas para o masoquista emocional, muitas podem ser as fontes de sofrimento, situações ou pessoas que, em sua maioria, não compactua com isto.

Observem que o comportamento que caracteriza o masoquista emocional é largamente encontrado na vida baunilha, pessoas que tem "apreço" pela dor, sofrimento, angústia, etc.

Ou seja, o masoquista se prende a um fato e/ou pessoa, busca uma situação que possa alimentar sua dor, e quem se vê envolvido no processo descobre que não há nada que possa fazer pra sair da "armadilha", que pode se tornar, muitas vezes, uma espiral sem controle que arrasta tudo a sua volta, inclusive os inocentes, sendo que o próprio "autor" não deixa de ser vítima do processo.

Por fim, analisando pela ótica BDSM, temos a figura da sub sem Dono, em virtude da ausência de uma relação consensual, o "Dono" pode ser uma situação ou pessoa envolvida no emaranhado criado pra ter como único resultado possível a dor.

Quando digo que um bom começo é a pessoa se reconhecer como tal, significa que a partir do momento que isto ocorre, ela deixa de punir ou envolver outras pessoas de maneira prejudicial, cada um com a sua dor, já diz o ditado.

Conheci algumas subs que se enquadravam nesta definição e que amadureceram muito a partir do momento que se entenderam, passaram a lidar melhor com seu "Eu" e com os outros, antes "culpados".

Não acho que o caminho seja neutralizar este comportamento, mas canalizá-lo, da mesma maneira que ocorre em todas as práticas BDSM.

Não me pergunte como, não ousaria tanto.

O objetivo deste texto é provocar uma reflexão em que não compreende e nos que são masoquistas emocionais, não é necessário manter relações tensas e difíceis só pq não entendemos o que se passa. Existem pessoas maravilhosas que passam ou já passaram por isto e só precisam se encontrar, se reconhecer, se entender.

Não existe demérito em se aceitar, não se torna menor, ao contrário, afinal, todo o BDSM exige de nós coragem pra lidar com nossos medos, se aceitar e aprender a lidar só nos engrandece, fornece respostas (nem todas), apazigua o coração e nos permite seguir em frente.

Comentários

Anônimo disse…
Perfeito...

Como sempre!
Anônimo disse…
Alguma espécie de rendição talvez?
Uma vez ouvi dizer que os mais dominantes na vida "baunilha" como vcs costumam dizer são os que procuram a submissão no meio BDSM.(corrija-me se entendi erroneamente).
Como você mesmo citou muitas vezes tal "masoquismo" não passa de uma armadilha para chamar atenção...
Sempre acreditei que as pessoas que não recebem são as que não sabem d(o)ar.Neste processo confuso que nem mesmo elas sabem que estão envolvidas,encontram de um modo infeliz pessoas dispostas a ouvir e ajudar,mas apenas por um curto espaço de tempo...
Bem abrangente e reflexivo teu post.
Um observador disse…
Sophi,

Primeiramente, bom te ver de novo por aqui.
Como vc mesma disse, o assunto é abrangente pq existem mil possibilidades pra explicar o masoquismo emocional. Na maior parte das vezes é algo que foge ao controle, ultrapassa os limites, por isto é tão danoso.
O intuito da postagem é justamente lembrar as pessoas que nem sempre as atitudes são voluntárias, pensadas.
Quanto aos dominantes baunilhas experimentarem o BDSM, lembro que a vida baunilha nos impõe circunstâncias onde somos exigidos a termos uma atitude dominante ou submissa, muitas vezes contrárias a nossa natureza, ou seja, as pessoas não buscam (ou não deveriam buscar) o BDSM só pra experimentar o oposto, mas por fazer parte de suas naturezas, coisas que a vida baunilha não contempla.
Anônimo disse…
Obrigada Eros,


Obrigada também pela resposta.
Bjx

Sophi
silenciosa disse…
Sds Dom Eros

Muito bem lembrado pelo Senhor mesmo que as pessoas que se enquadram neste perfil (masoca emocional) não são assim por opção.
Talvez sim seja uma opção o fato de não aceitarem "se melhorar" através de uma terapia de apoio e/ou remédios específicos..
Uma boa fonte de consulta para se entender um pouco mais, está no livro
Inteligência Emocional de Daniel Goleman.
Enfim parabenizo ao Sr por tocar em um assunto onde muitas pessoas possam "vestir a carapuça" e procurar se melhorar.

respeitosamente,

s.

Postagens mais visitadas deste blog

Aposentadoria de um Dom

Duas Réguas